Juro que tento ser uma pessoa séria e falar de coisas importantes, tipo o que penso sobre um filme, as Olimpíadas no Rio ou a obra de arte na era da reprodutibilidade técnica. Mas aí me lembro que a coisa que mais gosto no meu trabalho (e no que eu penso em fazer por aí, em geral) é justamente conversar com um monte de gente diferente, ouvir histórias, prestar atenção no que os outros dizem – e não dar minha opinião as a statement, saca?
Daí que outro dia estava justamente pensando nisso quando calhei de entrevistar Dani Calabresa (se quiser ler e dar cinco estrelinhas pra repórti, clique aqui). Adorei a moça. Primeiro por uma questão de identificação. “Garota alvo de gozação nos tempos de escola cresce, aparece e vira a melhor amiga dos meninos (e dos gays) da turma, além de namorar o cara mais engraçado da galera” também poderia ser um resumo rápido (um dos 5672 possíveis) da minha vida. Segundo porque ela tem uma coisa que eu tenho também, e que boa parte das mulheres engraçadas que conheço têm: humor auto-depreciativo. Achei interessante quando ela comentou que homem não costuma fazer piada sobre si mesmo, fisicamente e visualmente falando. “Quando dizem que sou Calabresa porque sou grande, redonda e dou pra oito, mando logo ‘tá maluco? Onde que existem oito caras querendo me comer?'”, disse Dani, na entrevista.
Tem quem ache isso meio estranho, mas eu acho bem válido. Saber fazer graça de si mesmo (e sem derrubar a sua auto-estima junto, porque tem gente que não sustenta a piada) é fundamental. Se eu estou acima do peso, NÃO TEM COMO fingir que não estou vendo. Se meu cabelo está estranho, NÃO TEM COMO ignorar. Se eu repito padrões de comportamento (por exemplo, mentir ao celular quando me perguntam se estou chegando – eu nunca estou, mas sempre digo que chego em 10 minutos), NÃO TEM COMO não reparar. Espelho e noção estão aí pra isso. Então antes que outro faça a piada e leve o mérito, prefiro eu mesma fazê-la. Não tem pessoa melhor pra falar mal de mim e me zoar do que eu mesma (talvez um ou dois amigos, mas por serem mais rápidos no gatilho). E se os outros acharem engraçado, melhor ainda.
Daí que outro dia fui entrevistar a Chelsea Handler, apresentadora do E! e autora de um dos livros mais engraçados que li ultimamente (juro que vou comentar depois), e ela enveredou pelo mesmo caminho. A matéria ainda vai sair, mas achei digno ela mesma dizer “não pegaria o fulano, e olha que eu pego qualquer um mesmo”. É de uma franqueza absurda, sabe? Taí, acho que na real esse humor auto-depreciativo feminino está mais para um humor de verdade mesmo. Say it loud, sistas.